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"Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo indiferente, e por isso quer, enquanto ainda é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras". Milan Kundera



quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

me deixaram logo atrás de um caminhão de lixo. Por isso fui andando devagar, quase querendo voltar. Muitas vezes a Pituba inteira tem cheiro de lixo. É claro que era noite e porque eu ia passando sozinha o gari falou qualquer coisa pra mim e subiu no caminhão; ficou olhando enquanto eu pensava que podia me intoxicar com a quele cheiro. Tossi umas 3 vezes. Passei ao lado de uma loja de roupas onde a vitrine estava acesa e tinha um gatinho chinês dourado acenando com a pata. O gatinho era quase de ouro e me transmitia tanta paz que eu poderia ficar mais tempo olhando... mas não convém ficar parada de noite olhando uma vitrine acesa, muito menos para um gatinho minúsculo aos pés da manequim; podiam querer me internar.  Seguindo adiante eu até estava sorrindo, eu acho, quando me deparei com um prédio que nunca tinha visto ali naquela rua tão conhecida; na frente tinha uma placa enorme dizendo "Reprodução Humana". Aí eu me assustei, me assustei mesmo... Pensei, já chegamos a este ponto? Com esse nome eu só podia pensar que reproduziam seres humanos lá dentro - em plena avenida Paulo VI, onde compramos pão e acarajé... Foi quando o sorriso me dado de presente pelo gato dourado se desfez e fiquei tonta. Mais um passo e 3 baratas zanzavam em círculos à minha frente. Estavam rápidas e indecisas, por isso tive que parar e esperar que elas tomassem um rumo. Espera-se o sinal fechar e atravessa-se, teoricamente, porque se eu tivesse atravessado exatamente no momento em que o sinal ficou vermelho teria sido atropelada com certeza. Mas acho que fui atropelada antes; sinto como se o tempo tivesse passado por cima de mim.

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