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"Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo indiferente, e por isso quer, enquanto ainda é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras". Milan Kundera



sábado, 28 de janeiro de 2012

Ela quer sair

A louca na clausura faz estragos quase irreparáveis. Ela dá dentadas como filhote de alienígena. A louca nunca foi um bebê. Isso dói porque ela termina sendo maior que eu. Ao mesmo tempo que é tão incômoda e renitente ela é a razão da minha vida, porque na verdade só estou viva quando ela consegue me engolir. Então eu a espero... eu a espero.... num trabalho de parto doloroso. Eu não faço nada para impedi-la... se só a força do querer pudesse parir um filho haveriam mais habitantes no mundo... mas há o impedimento do corpo. Eu tenho paciência porque entendo o processo, é o mesmo processo. Sei que na hora ela vai rasgar as membranas e como uma enorme bolha vai me engolir; me virarei ao avesso por tempo indeterminado. Sofrerei na clausura do seu corpo como ela sofreu no meu. Não me reconhecerei; não haverá luz; não estarei morta nem viva e quando o seu corpo se tornar menor vou querer sair. Será ela a me querer como eu a quis sofregamente. Quando eu nasço trago a força da serpente, fria e prudente, mas é a pele da outra que recolho e saio vivendo.

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