Era uma vez... no bairro de Stella Mares uma bruxa má que naquele dia de sol intenso morria de enxaqueca. Ela era conhecida por odores horríveis que em certas luas saíam da sua casa. Dizem as más línguas que são provenientes de poções mágicas que fazem pagodeiros entrarem em sono profundo por 1 semana. Inclusive os vizinhos dizem que muitos filósofos, escritores e pesquisadores vão à sua casa com todo sigilo para adquirirem a poção.
Em frente à janela do seu quarto mais ventilado morava um poderoso milionário que tinha 5 filhos. A casa vivia em completo silêncio nos dias úteis, mas nos dias inúteis... tinham o terrível costume de ligar o seu sound surround para tomar umas cervejinhas em paz, de boa, na tranquilidade (?) de Jah. A sorte deles era que justamente nos dias inúteis a bruxa ia até as colinas de Periperi colher um certo tipo de flor rara. Porém naquele final de semana de enxaqueca ela estava incapacitada de se locomover para tão longe, mesmo que não fosse de micro ônibus e sim de vassoura.
Então o pior aconteceu. Ela nunca desconfiara que o filho mais novo do barão tinha um gosto musical tão peculiar. Para a sua inteligência de pessoa culta e conectada com as vibrações mais altas de habitantes de outros planetas inclusive, era difícil distinguir que tipo de mensagem estava sendo transmitida nas palavras que saíam da caixa de som, de forma que isto intensificava sua dor de cabeça causando, como ela mesma sabia, alterações de ondas gama no seu cérebro. Fora as vibrações intensas que abalavam as estruturas da sua casa devido ao volume absurdo a que aqueles seres se submetiam.
Foi então que ela recorreu a sua poção maravilhosa e malígna. Pegou uma de suas corujas, a mais velha Judite, e mandou que pingasse 1 gota do líquido nos copos. A operação foi concluída com sucesso. 15 minutos se passaram e nada do desejado acontecera. A bruxa ficou enfurecida; a falha da poção questionava suas habilidades de bruxa e punha por água abaixo todos os anos de aprendizado no Rio Grande do Sul. Foi então que sua pressão caiu e dormiu profundamente.
Em sono lhe veio a sua professora gaúcha que ministrava a disciplina "Sortilégios sexuais", há quase 200 anos. Estriquinina -este era o seu nome, lhe disse pausadamente num tom sussurrante:
- Guria, tu finalmente chegaste a etapa final do teu aprendizado, bah. Chegou o momento de tu entenderes que a mágica mais eficiente se compreende nos mistérios corporais. Tu deves entender a mente das pessoas bem como os mecanismos de atração. (Toma um cole do chimarrão astral) O poder é teu!
A bruxa acordou com a sensação de que já tinha se passado muito tempo, mas a sua cabeça continuava doendo e ainda era dia. Levantou-se e reparou num anel de ouro encrustado com uma pedra vermelha que parecia um rubi, mas depois constatou que era uma granada raríssima só encontrada no sul do Brasil. Então lhe veio a lembrança da sua querida professora Estriquinina. Toda a mensagem do sonho caiu sobre sua cabeça, o que a fez doer ainda mais.
Seu olhos flamejaram e franzindo o cenho foi até a janela do quarto mais ventilado da casa. Encarou aquele bando embriagado e num só golpe arrancou a blusa escura mostrando os seus peitos perfeitos que não se pareciam com os de uma bruxa. A surpresa foi tanta que até um gavião-carijó fugitivo de Villas do Atlântico que estava passando parou para emitir o seu canto alarmante. A bruxa dava gargalhadas escandalosas e assustadoras. Os homens estavamm paralisados por tamanha beleza e ao mesmo tempo tanto assombro. Passado o furor do instante, automaticamente as mulheres dos homens, formais ou não, começaram a dar escândalos de ciúme, o que resultou num tumulto devastador. Copos foram arremessados e dentes foram quebrados. A festa acabou instantâneamente e a bruxa foi dormir.
No dia seguinte estava em colinas de Periperi cantando uma canção suave e colhendo suas flores azuis.
Você já viu uma pessoa mais gastona do que eu?
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