ele estava me contando sobre uma mulher que morria e o sangue que lhe saía ia subindo a ladeira, tomando conta da cidade. Parece brincadeira, ela estava com o sorriso largo de quem acabava de morrer. Engraçado, quem morre sorri e quem nasce chora. Ela sorria e nem se dava conta... minutos depois lhe veio a notícia de que um ente querido, muito querido, fora acometido de uma doença grave, mais grave do que ela imaginava. Então estava feito. Uma notícia ruim de madrugada, depois de um largo sorriso, depois de uma esperança. Talvez se a notícia fosse dada de dia a doença que era grave não fosse tão grave assim... mas a essa hora, maquiada como estava, se sentia culpada. Porque esta é a hora das horas passadas. Culpada não pela doença mas pelos momentos em saúde; momentos que não poderiam ser de outro jeito, uma história coerente de dores e algumas alegrias.
Horas antes contemplava sem saída a paisagem: o semáforo vivo. As cores se transmutando e significando alguma coisa, mas não para ela, que estava alheia e certa de sua solidão.
"Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata." Texto de Clarice Lispector
Que blog é esse?
Silenciosamente a raíz procura.
Me interessa o que dá impulso
a origem, o fulgor
o Quem por detrás.
"Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo indiferente, e por isso quer, enquanto ainda é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras". Milan Kundera
Nenhum comentário:
Postar um comentário